Reflexões pós carnaval

28-03-2011 17:59

E assim se foi o tão sonhado, o tão esperado carnaval. Quantas angústias e incertezas as Escolas de Samba passaram até chegar o dia de se apresentarem na passarela do samba.Foi realmente um carnaval muito difícil. Com dificuldades financeiras todas elas já estão acostumadas; todo ano elas constituem um grande problema, mas esse até que se resolve. Todavia, houve outros e esses vieram quase às vésperas do carnaval: o mau tempo e a chuva contínua. Isso chegou a ser desesperador: problemas nos barracões, nas oficinas, nos ensaios, e a grande incerteza de como seriam os dias dos desfiles.
Mas tudo passou, o tempo deu uma trégua. As Escolas exibiram os seus enredos diversificados e mostraram novamente o seu grande potencial na apresentação do maior espetáculo brasileiro, sendo todas muito aplaudidas. Embora as falhas ocorridas fossem inevitáveis, nada tirou o brilho das apresentações.  
Muita luz, muita cor, muito brilho alegraram as noites de milhares de participantes e de assistentes no Sambódromo, bem como de telespectadores, sendo também sentidas todas essas emoções pelos ouvintes das emissoras de rádio.
Este ano houve uma novidade, que nos deixou muito feliz: foi a criação de mais um Troféu Nota 10 do Jornal Diário de São Paulo para a premiação no quesito Destaque. Foi uma supressa muito agradável.
Há anos venho acompanhando o trabalho da ADESP - Associação dos Destaques de São Paulo, chamando a atenção para esse grupo de sambistas. Eles não medem esforços nem dinheiro para confeccionar suas fantasias valiosas, que representam as figuras principais dos enredos e desfilam sobre os carros alegóricos, sendo, portanto, julgados como alegoria.
Essas fantasias, muito bem feitas e minuciosamente acabadas, muitas vezes passam despercebidas na passarela, em função da imponência dos carros alegóricos, passando elas por um mero complemento do carro.
Mas não é bem assim. 
Quando o destaque recebe das mãos do carnavalesco o seu figurino, começa a viver o seu personagem, procurando conhecer em detalhes tudo o que há de mais importante a seu respeito. Embora o carnavalesco passe o que ele ou ela vai representar, para os destaques isso é relativamente pouco. Aí vem a procura e investigação da vida desse personagem, sendo transpassada em detalhes para a sua fantasia. Essa figura que o destaque irá representar passa a acompanhá-lo o ano todo, até a hora da subida no carro alegórico.
 Lembro-me bem dos grandes concursos de fantasias realizados no Rio de Janeiro, que chamavam a atenção não só dos cariocas como também dos turistas do mundo todo. Lembro-me também da participação deles nos bailes de máscaras, retratados pelas revistas e jornais da época. Eram as grandes atrações da cidade maravilhosa, e chamavam tanta atenção como os desfiles das Escolas de Samba.
Portanto, foi merecida e justa, e ainda oportuna, a criação do Troféu Nota 10 para premiar o melhor destaque (embora haja muitos), escolhido por um júri competente do Diário de São Paulo.
Vejo-me na obrigação de agradecer pela feliz lembrança, não só por mim, que muito admiro essa classe de sambista, mas pela ADESP representada pela sua Presidente Izaura Panfili.